No último dia 27 de agosto, a AEW realizou o maior evento de sua história, o All In 2023. Em uma noite de ação, a empresa apresentou 11 combates de qualidade… mas será que foram bons mesmo? Bem-vindos a mais uma edição do Comentários e Notas, o quadro onde avaliamos as lutas dos principais eventos das principais empresas atualmente no pro-wrestling.
Antes de começarmos, deixa eu dar um recado importante: O sistema de notas NÃO reflete sobre o que essas lutas aqui foram se comparadas com outras. Explicando melhor, não é porque uma luta aqui é nota 10 que ela se compara com lutas que foram 5 estrelas, nada disso, porém, pro padrão que o evento se propôs a apresentar, ela foi nota 10, deu pra entender direitinho? Sem mais delongas, bora lá:
Adam Cole e MJF vs. Aussie Open
Eu vou falar mais sobre a rivalidade/amizade entre Adam Cole e MJF quando formos no evento principal, mas eu quero citar aqui o quão legal é essa união entre eles e como isso gerou coisas muito engraçadas, incluindo o Double Clothesline. Aqui tivemos uma luta curta que eu me surpreendi de ter sido nesse evento, pra mim era uma luta perfeita pra se fazer no Collision ou Dynamite e dar espaço pra outras pessoas aqui, mas não foi uma luta ruim. Minha maior ressalva com essa luta é como Aussie Open foram derrotados em tão pouco tempo (6 minutos e uns quebrados), afinal, eles eram os campeões até o momento e mereciam algo um pouco melhor no maior evento da empresa. Mesmo assim, eu não consigo achar essa luta ruim porque eu gargalhei com o Kangaroo Kick, sério, não lembro de um golpe tão besta e que foi tão aclamado pelo público.
Vencedores: Adam Cole e MJF – Nota: 6/10
HOOK vs. Jack Perry
Eita como é polêmico o ex-Jungle Boy em, impressionante, mas vamos falar sobre a luta primeiro. Aqui foi basicamente a revanche do primeiro combate deles pelo FTW Championship (Que é tranquilamente o título que menos vale alguma coisa dentre as grandes empresas) e dessa vez com as FTW Rules gerando mais momentos extremos. E a gente precisa lembrar que foram momentos extremos para um pré-show, então assim, não ia ter nada muito emocionante ou tão impressionante assim. A luta em si foi sólida, HOOK é um talento em constante evolução e o Jack Perry, mesmo sendo um ser humano aparentemente muito insuportável, pode evoluir e gerar combates melhores. Eu admito que eu preferia ver Kris Statlander ou Athena lutando no lugar deste combate aqui, mas acho que serviu pra fechar a rivalidade deles e mandar os dois em direções opostas.
Vencedor: HOOK – Nota: 6/10
CM Punk vs. Samoa Joe
Lembram algumas outras lutas que eu analisei e citei que o público tornava elas muito melhores do que realmente foram ? Pois é, essa aqui é um perfeito exemplo. Se você for analisar essa luta somente pelo ringue, ela é uma luta que vai variar entre ok e legal, mas o público de Wembley transformou ela em boa. Punk veio aqui após ter a briga com Jack Perry nos bastidores e me surpreendeu porque não parecia que ele havia passado por isso. A rivalidade de Punk e Joe é algo muito antigo e com muitas camadas que fizeram essa luta não ser esquecível, mas é bom lembrar que eles já são caras mais velhos com corpos carregados de lesões, então não era pra ser uma luta 5 estrelas. Acredito que os dois fizeram um bom trabalho e gostaria de ter visto uma vitória do Joe após dominar a luta inteira, mas não fiquei incomodado com o Punk vencendo.
Vencedor: CM Punk – Nota: 7/10
Golden Elite vs. Bullet Club Gold e Konosuke Takeshita
Primeiro de tudo, quero já avisar que eu achei um desperdício não ter Kenny Omega vs. Will Ospreay 3 nesse evento aqui e fiquei muito chateado com a forma que eles encontraram de colocar mais gente no evento, mas essa luta aqui não foi ruim. Foi uma luta que ocorreu de forma muito fluida e nem de longe pareceu ter 20 minutos, quando acabou eu jurei que não tinham passado nem 10 de tão rápida que ela aparentou ser. Tivemos ótimas interações entre Omega, White, Takeshita, Page, Ibushi e Robinson, sem contar que foi a preparação pro combate entre Omega e Takeshita no All Out. Achei muito engraçado como acabou de forma abrupta e dava pra escutar uma agulha caindo no estádio, além de que esse tipo de vitória combina muito com o novo protegido do Don Callis. Poderia entregar mais, é verdade, mas me manteve entretido.
Vencedores: Jay White, Juice Robinson e Konosuke Takeshita – Nota: 7/10
FTR vs. Young Bucks
A rivalidade entre FTR e Young Bucks já vem desde muito antes de Dax e Cash estrearem na AEW, e de lá pra cá havíamos tido 2 combates entre as duplas, faltando apenas um combate para concluir a trilogia. Finalmente tivemos esse combate aqui e eu acho que me agradou muito mais do que agradou as outras pessoas. Foi uma luta que teve muitos momentos onde eles claramente não estavam na mesma página, principalmente no começo do combate, mas foi melhorando bastante com o passar do tempo e a parte final ali foi muito boa. Acredito que a construção do combate não foi tão legal porque do nada os FTR quiseram resolver a rivalidade depois de 1 ano e meio do último combate, mas ainda assim foi um combate bacana. Talvez tenha sido o segundo melhor da trilogia, mas foi um dos melhores da noite.
Vencedores: FTR – Nota: 8/10
Stadium Stampede
Irmão, não tem jeito, eu sempre vou hipervalorizar esse tipo de combate aqui porque eu fico ensandecido com a loucura que vira. Seja Stadium Stampede, Anarchy in the Arena ou Blood & Guts, pra mim nunca fica abaixo de 8 e aqui não foi diferente. Sim, eu sei que é uma luta difícil de acompanhar e muita ação que aconteceu em outras partes da arena a gente nem chegou a ver, mas o que aconteceu no meio do ringue e nos arredores foi muito legal, de verdade. Seja Orange Cassidy dando soco com a mão banhada no vidro, Sue chegando de van ou Penta Oscuro retornando após ser levado pros bastidores, não teve nada nesse combate que me desagradou. Poderia ter tido Bryan Danielson ou PAC se não estivessem lesionados ? Claro, inclusive ficaria ainda melhor, mas pra mim foi, até o momento, o melhor combate da noite.
Vencedores: Best Friends, Eddie Kingston, Orange Cassidy e Penta Oscuro – Nota: 8,5/10
Britt Baker vs. Hikaru Shida vs. Saraya vs. Toni Storm
O ano é 2023 e ainda continuam se surpreendendo com o fato que geralmente tem 1 ou 2 lutas de mulheres em grandes eventos de pro-wrestling. Não que seja um problema só da AEW, mas eles são mestres na arte de pegar as grandes lutadoras do roster e simplesmente deixar de lado. Mas falando do combate em si, ele não foi nível 0 como as pessoas estão dizendo que ele foi, ok ? Eu concordo que a vitória da Saraya é algo que eu também não queria ver, mas não dá pra negar que foi um momento no mínimo histórico, incluindo com a música do Queen tocando. Acredito que o ponto alto da luta foi a Toni Storm atacando sem querer a Ruby Soho e a mãe da Saraya, mas ainda assim faltou aquele algo a mais nessa luta. Minha parça Hikaru Shida merecia mais, é a realidade.
Vencedora: Saraya – Nota: 5,5/10
Christian Cage e Swerve Strickland vs. Darby Allin e Sting
Quando eu comecei a assistir a AEW lá em 2019, eu realmente não imaginava que Sting e Darby Allin acabariam formando uma das melhores parcerias já vistas nessa empresa, especialmente considerando o que o Sting ainda consegue fazer com 64 anos. Parecia que seria Strickland e AR Fox como dupla, mas a parceria deles acabou pouco antes e eu fiquei ainda mais animado porque o substituto foi Christian Cage. Por conta do conflito de idades e capacidade física, a luta teve alguns momentos de lentidão e poderia até mesmo ter sido melhor, mas acabou sendo uma luta bem divertida. Essa versão do Sting voltando a ser o Joker é algo muito bacana de ver e casa muito com esse estilo maluco que o Darby tem. Swerve e Christian foram muito bem também, e o fato de ser uma Coffin Match ajudou bem.
Vencedores: Darby Allin e Sting – Nota: 7,5/10
Chris Jericho vs. Will Ospreay
Como eu já citei lá em cima, eu passei meses esperando que teríamos Kenny Omega vs. Will Ospreay 3, porém, não foi o que aconteceu. Eles entraram com essa ideia do Jericho e eu sabia que não seria ruim porque o Ospreay não tem lutas ruins, mas acabou me surpreendendo bastante por ser uma luta bem legal. O público também fez seu papel e ajudou a colocar esse combate num nível acima do que realmente foi, o fato do Ospreay lutar na frente do povo britânico pela primeira vez num evento dessa magnitude foi o algo a mais que esse combate precisava. Eles piravam em absolutamente tudo o que o Ospreay fazia e eu achei isso bem legal. Jericho teve uma performance interessante mesmo com suas limitações, e acredito que o resultado do combate foi muito justo, não conseguia imaginar o Ospreay perdendo aqui.
Vencedor: Will Ospreay – Nota: 8/10
House of Black vs. Billy Gunn e The Acclaimed
Se você me perguntasse lá em julho qual seria o futuro da divisão de trios da AEW, eu diria que teríamos uma grande rivalidade entre House of Black e La Faccion Ingobernable que culminaria num combate no All In, mas a AEW tinha planos diferentes. Não me levem a mal, eu adoro The Acclaimed, adoro Billy Gunn e gostei de ver a vitória deles aqui, mas será que não haviam ideias melhores ? Eu entendo toda a rivalidade que os dois trios tiveram e o contexto da possível aposentadoria do Billy deu uma camada a mais, mas eu realmente queria ver uma HOB vs. LFI no meio do Estádio de Wembley, ia ser muito magnífico. Mesmo assim, o combate foi bem básico e um grande destaque foi o Brody King que souberam construir como um lutador forte. Os novos campeões vão fazer um bom reinado, não tenho a menor duvida disso.
Vencedores: The Acclaimed e Billy Gunn – Nota: 5,5/10
Adam Cole vs. MJF
A galera fica comentando que tal storyline é cinema, tal rivalidade é cinema e não sei o que, mas essa história entre Adam Cole e MJF é o verdadeiro cinema dessa indústria atualmente. Quando a rivalidade começou, ninguém, eu repito, NINGUÉM esperava que fosse gerar uma parceria que culminasse em, no mesmo dia, conquistar os ROH World Tag Team Titles e protagonizar o evento principal do maior show da empresa. Foi a melhor luta do ano ? Obviamente não, nem perto disso, mas foi uma das lutas mais importantes do ano com extrema facilidade. O combate em si foi muito bom e ficava no ar essa questão de ver quem iria trair quem, mas acabou não acontecendo e isso me surpreendeu. Mesmo com a interferência de Roderick Strong e o tal do ref bump que eu absolutamente odeio, esse combate fez jus ao maior evento que a empresa já produziu. E a dupla continua firme e forte, tá ?
Vencedores: Adam Cole e MJF – Nota: 9/10
Na minha visão, a nota geral do evento foi um 9. O show foi exatamente como eu previ: Um show com card bem básico mas que iria acabar superando as expectativas de quem achou que seria ruim, era o óbvio. Se a gente for avaliar esse evento só pelos combates, ele merece um 8 porque poderia sim ser melhor, inclusive com outras lutas que não aconteceram, porém, ele ganha 1 ponto a mais porque simplesmente foi um dos maiores eventos já produzidos na história do pro-wrestling. Quem não gostou desse evento é completamente maluco.
Concorda ou não? Coloca sua opinião aí nos comentários e bora discutir saudavelmente, belezinha? Até mais!