Cody vs. Dustin e a Luta do Ano
A Pro Wrestling Illustrated é a mais antiga e mais renomada revista sobre o assunto do mundo, e, como sempre, premia os melhores lutadores, as melhores feuds e claro, a melhor luta. Em um ano com muitas novidades, a disputa…
A Pro Wrestling Illustrated é a mais antiga e mais renomada revista sobre o assunto do mundo, e, como sempre, premia os melhores lutadores, as melhores feuds e claro, a melhor luta. Em um ano com muitas novidades, a disputa por esse título é algo que gera longas discussões entre quaisquer fãs de luta-livre. O que temos que levar em conta aqui é que uma luta não se trata apenas do intervalo entre o tocar do sino, não se trata apenas da entrada dos lutadores até vermos um deles com a mão erguida no centro do ringue.
Nas semanas que antecederam o evento Double or Nothing, da AEW, vídeos promovendo este embate eram lançados semanalmente. O que se construiu não foi apenas uma luta entre irmãos, mas sim uma luta entre gerações. De um lado, representando a Attitude Era, temos The Natural Dustin Rhodes, em algo que parecia ser a sua última apresentação. Do outro lado, The American Nightmare Cody, representando o futuro, representando o novo pro wrestling.
A construção da luta continua nas entradas dos competidores. Antes de a música tocar vemos um trono, o qual lembra muito o utilizado por Triple H. A seguir temos a entrada espetacular de Cody ao lado da sua esposa, Brandi, ovacionado pela arena lotada. Antes de subir ao ringue ele pega uma marreta e destrói o trono, simbolicamente acabando de vez com a Attitude Era e virando uma página nos livros de história.
A seguir, não menos ovacionado, entra Dustin, em um traje preto e vermelho e com metade de sua cara pintada. Aqui eu reforço a importância da construção da luta. Ambos tomam todo o tempo necessário, o público tem tempo de absorver cada movimento dos atletas. A voz clássica de Jim Ross e o veterano juiz Earl Hebner trazem uma energia ainda mais clássica pra este embate.
E eis que soa o sino. Antes mesmo do primeiro toque entre os atletas já ouvimos “this is awesome” vindo da platéia, antecedendo a mágica que veremos a seguir. A luta começa com provocações de ambos os lados e uma disputa um tanto quanto equilibrada, com Dustin mostrando golpes inovadores e Cody usando da presença de Brandi para obter vantagem.
Depois de ser jogado no canto Cody retira a proteção de um dos corners, e, após a investida de Dustin, o mesmo acerta a cabeça direto na área desprotegida. Brandi aproveita a distração do árbitro para acertar dois golpes em seu cunhado e com isso o juiz a manda sair da arena. Quando a câmera volta para o ringue vemos Dustin já ensangüentado devido aos golpes que levou.
A quantidade de sangue é tão grande que impede que Dustin enxergue, e Cody tira vantagem disso, acertando cada vez mais sua cabeça. Em certo momento podemos ver o sangue escorrendo como se fosse uma torneira aberta na testa de Dustin, e nessa hora boa parte do ringue já está pintada de vermelho.
É incrível como a dinâmica da luta muda após estes acontecimentos, o público, até então animado, começa a ficar cada vez mais apreensivo com a quantidade de sangue que escorre sem parar nos olhos de Dustin.
Em um dos poucos momentos de distração por parte de Cody, Dustin toma a dianteira usando o cinto de Cody contra ele próprio. Em seguida uma seqüência de golpes totalmente inesperados pra um cara do tamanho de Dustin leva o público à loucura. Após isso, mesmo com um lowblow, Cody não foi capaz de finalizar seu irmão. A disputa segue até que o quarto Cross Rhodes da luta, segundo por parte de Cody, o leva à emocionante vitória.
Mas o show não termina aqui. Cody retorna ao ringue com um microfone em mãos. Em um dos momentos mais emocionantes que eu já vi ao vivo Cody diz que Dustin não precisa se aposentar, e pede pra que se junte a ele para mais um combate, desta vez contra The Young Bucks, levando o público a aplaudi-los de pé por minutos até que ambos saiam para os bastidores.
Esta pode não ter sido a melhor luta tecnicamente falando, provavelmente não foi, mas em questão de emoção ela fica em primeiro neste ano e sem dúvida entra pra história. Uma luta envolvente, surpreendente e, por muitos, inesperada, que marca o surgimento de um novo wrestling, um wrestling muito mais emocional, que prende cada pessoa que está assistindo, seja ela um fã de lutas ou não.