Sem Hulk Hogan, não existiria WrestleMania

Terry Bollea, o Hulk Hogan, morreu aos 71 anos. Sua carreira foi a força motriz que transformou o pro-wrestling em um fenômeno global.

Sem Hulk Hogan, não existiria WrestleMania

Terry Bollea, o homem que o mundo conheceu como a lenda do pro-wrestling Hulk Hogan, morreu aos 71 anos após uma parada cardíaca. A notícia confirmou o fim da vida de uma das figuras mais reconhecidas da cultura pop, cuja carreira foi uma força central na transformação do wrestling de um circuito regional para um fenômeno de entretenimento global.

O legado de Hogan, no entanto, é uma história de dualidade: ele foi o herói que construiu a indústria moderna e, ao mesmo tempo, uma figura marcada por controvérsias que abalaram sua imagem.

A ascensão de Hogan nos anos 80 com a “Hulkamania” foi um produto perfeito para a sua época. Alinhado ao patriotismo otimista da América governada por Ronald Reagan, sua persona de “Real American” — com o mantra de “treinar, dizer suas orações e tomar suas vitaminas” — o transformou no super-herói ideal para uma geração. Ele derrotava vilões que representavam adversários geopolíticos dos EUA, como The Iron Sheik, em narrativas simples de bem contra o mal que cativaram o público.

Esse apelo de massa, solidificado por sua aparição no filme Rocky III e pelo desenho animado Hulk Hogan’s Rock ‘n’ Wrestling, tornou-se a peça central da estratégia de expansão nacional de Vince McMahon.

O pilar da WrestleMania

Foi com Hogan como pilar que McMahon apostou o futuro da sua empresa na criação da WrestleMania em 1985. O evento, desenhado para ser o “Super Bowl do pro-wrestling”, era uma aposta de tudo ou nada para levar a WWF ao domínio nacional. A chave para o sucesso foi a “Rock ‘n’ Wrestling Connection”, uma aliança estratégica com a MTV que usou a popularidade de estrelas como Cyndi Lauper para levar o wrestling a um novo público.

Contudo, a presença de celebridades como Lauper e Mr. T, que se juntou a Hogan no evento principal, só funcionou porque Hogan estava lá para ancorar o espetáculo. Ele era a ponte entre os fãs tradicionais e a nova audiência. Sem seu carisma e credibilidade no centro do ringue, a WrestleMania teria sido apenas um show de celebridades, e não o evento monumental que redefiniu a indústria. Hogan não foi apenas o rosto do evento; ele foi a garantia de que a aposta de McMahon daria certo, consolidando a WWF como uma marca nacional e criando a base para o entretenimento esportivo como o conhecemos hoje.

Quando sua imagem de herói começou a parecer ultrapassada nos anos 90, Hogan executou uma das reinvenções mais impactantes da história do entretenimento. No Bash at the Beach de 1996, ele chocou o mundo ao trair a WCW e se revelar o líder da New World Order (nWo). Vestido de preto e branco, o agora “Hollywood” Hogan não era mais um herói, mas um vilão cínico e arrogante.

A popularidade da nWo foi tão avassaladora que levou a WCW a superar a WWF nas audiências por 83 semanas consecutivas, forçando a rival a criar a sua própria fase mais adulta, a “Attitude Era”, provando mais uma vez sua capacidade de moldar o rumo de toda a indústria.